Entenda conceitualmente as
cinco competências e habilidades exigidas dos alunos na prova do exame
Vamos
entender o que são os eixos cognitivos cobrados no exame, ou as capacidades dos
alunos de mobilizarem o conhecimento que possuem ou que conseguem acumular
depois que efetivamente ‘aprenderam a aprender’, para compreender o mundo,
resolver problemas e atuar de forma cidadã, ética e responsável em sua
comunidade e na sociedade. Eles são resultado da associação de várias
competências e habilidades que adquirimos durante nossa vida escolar, familiar
e em sociedade.São cinco os eixos cognitivos cobrados pelo Enem:
1 - Dominar Linguagens – Dominar a norma culta da língua portuguesa e fazer
uso das linguagens matemática, artística e científica.
Neste eixo cognitivo, o Enem cobra linguagens mínimas de todas as áreas do
conhecimento. Dizemos que elas são os conteúdos básicos que os alunos precisam
acumular para que, durante a vida, possam aprender qualquer conteúdo
necessário. Na lista de conteúdos mínimos estão, por exemplo, o conhecimento de
mapas, a capacidade de entendimento e uso dos números e das operações
matemáticas básicas, eletricidade e genética básica e o domínio razoável do
português culto.
Os conteúdos mínimos, necessários para a
aprendizagem de outros conteúdos (são como as ferramentas que utilizaremos
durante toda a nossa vida para trabalhar com outros conteúdos/conhecimentos),
geralmente estão, na matriz de competências do ENEM, na primeira habilidade
cobrada em cada uma das 30 competências.
Além dessas ferramentas para aprendizagem de
qualquer conteúdo, o Enem também lista alguns conteúdos mínimos que não são
necessariamente linguagens, mas que considera necessário para que o aluno
esteja integrado ao mundo moderno. Como exemplo, temos a geração e os impactos
social, econômico e ambiental da geração de energia, as tecnologias de
informação, principalmente as novas, os direitos conquistados pelo povo em suas
lutas e o entendimento da formação e funcionamento das instituições políticas
modernas.
2 - Compreender fenômenos – Construir e aplicar conceitos das várias áreas do
conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos
histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.
Como os alunos utilizam seus conhecimentos? Como compreendem o mundo e formam
suas opiniões, atuando de forma cidadã em relação a ele? De nada adianta
conhecimento, conteúdo e aprendizado das linguagens que irão possibilitar que o
aluno aprenda conteúdos por toda a vida se isso não for processado de forma
cognitiva, de forma que os conteúdos ganhem um significado para o aluno.
Por que uma lâmpada incandescente gasta mais energia que uma fluorescente?
Quais os impactos de desmatar as margens dos rios? Se para ter em todo o mundo
a mesma qualidade de vida média de um cidadão americano é necessário termos
cerca de cinco planetas iguais a Terra de matérias-primas, é possível ampliar a
qualidade de vida para todo o planeta? Se não é possível a ampliação da
qualidade de vida, é justo termos cidadãos de primeira, segunda e terceira
classe, com condições socioeconômicas muito diferentes? Quais os motivos do
caos nas grandes metrópoles, como poluição, congestionamentos, diminuição da
qualidade de vida, violência urbana e concentração das riquezas? O que leva à
poluição da água se ela tem ciclo? O que a construção de uma grande
hidrelétrica pode fazer com a cultura e identidade de vários povos? Por que os
faróis do carro apagaram de repente, o chuveiro não esquenta a água e a sua
compra de azulejos não foi suficiente para a reforma da cozinha?
São estas, entre outras perguntas, todas cognitivas, derivadas da análise e da
avaliação dos conhecimentos que você adquiriu até o dia da prova, ou que está
lá no texto da questão, que constituem o eixo cognitivo “compreensão de
fenômenos” cobrado pelo Enem.
3 - Entender situações-problema – Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados
e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar
situações-problemas.
No Enem, o terceiro eixo cognitivo cobrado vem com o texto que fala em
“entender situações-problema”. É importante lembrar que a ordem dada pelo Enem
aos eixos cognitivos não significa, necessariamente, que eles acontecem nessa
ordem em nossas cabeças. É claro que, antes de compreender fenômenos, entender
problemas, resolvê-los, é preciso que o aluno tenha o domínio mínimo das
linguagens de uma ou de várias das quatro áreas do conhecimento cobradas no
Enem, mas há vezes em que sabemos o básico e corremos atrás de outras
informações/conteúdos para resolver um problema. No caso da prova do Enem,
muitas vezes temos o domínio das linguagens que estão nos textos, e os textos
nos trazem outros conteúdos que facilitam a resolução das questões.
Esses cinco eixos cognitivos propostos pelo Enem hora se inter-relacionam
(quando os alunos precisam mobilizar todos ao mesmo tempo para resolver uma
questão), hora apresentam uma inter-relação parcial (quando mobilizados ao
mesmo tempo vários eixos, ou capacidades, cognitivos para resolver uma
questão). Há vezes em que eles acontecem numa ordem lógica, como a listada pelo
Enem, quando o aluno domina a linguagem, a linguagem possibilita a compreensão
do fenômeno e a compreensão do fenômeno o leva a reunir argumentos para
construir sua opinião e defendê-la e elabora uma proposta de intervenção ética
na comunidade/sociedade. Mas nem sempre a ordem é exatamente essa.
Entender o problema, para o Enem, é ir um pouco mais adiante na compreensão do
fenômeno. É relacionar os dados disponíveis, organizá-los, interpretá-los,
buscar mais dados e tornar o problema bem claro, algumas vezes tirando-o do
senso comum, dando a ele uma lógica baseada em dados reais. No Enem, esses
dados poderão estar no enunciado da questão ou terão que vir do seu acúmulo de
estudos. Em outros momentos, serão uma associação entre o que você já sabe, ou
deveria saber, e o que o Enem traz de informação.
4 - Construir Argumentações – Relacionar informações, representadas em diferentes
formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir
argumentação consistente.
Tenho o domínio das linguagens mínimas pedidas pela prova, entendo com clareza
a situação problema proposta pelo Enem e agora preciso construir minha argumentação,
com base nas informações/conteúdos que domino. É claro que em uma prova
objetiva, em que o aluno tem que assinalar a opção correta, é impossível que
ele ‘construa argumentação’. Neste eixo cognitivo o Enem espera que você
‘julgue’ as argumentações que aparecem nas alternativas. Ajuda muito se você,
nas questões alternativas que apresentam argumentações em suas alternativas,
estiver bastante atento para a consistência das alternativas.
5 - Elaborar propostas éticas – Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola
para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando
os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
As questões que chegam até aqui, cobrando do aluno essa competência, querem que
ele mobilize os eixos cognitivos anteriores para ‘resolver uma
situação-problema’. Se existem várias formas de solucionar problemas, o Enem
exige que a sua solução seja ética, que respeite a diversidade sociocultural,
que defenda o meio ambiente, que valorize a democracia, que identifique as
conquistas sociais do povo, sobretudo dos brasileiros, que condene a corrupção,
que aponte para o desenvolvimento humano, que aponte para um mundo sem
desigualdades econômicas, entre outras características.
O eixo cognitivo é muito claro em afirmar que a proposta, ou a resolução do
problema, tem que se dar de forma ética. Como “ética” é algo subjetivo, para
que não restem dúvidas ao aluno, a leitura da “Matriz de Competências” do Enem
deixa clara sua definição de ética e como o Enem espera que o aluno se comporte
respondendo à prova e atuando em sociedade.
Boa parte da prova do Enem está relacionada a esse eixo, e, mesmo que seja
cobrado um conteúdo que exija conteúdo anterior, a resposta ética, relacionada
a uma das habilidades que estão na Matriz de Competências, é sempre a correta,
da mesma forma que no quarto eixo cognitivo, onde não é possível fazer uma
proposta argumentativa em uma prova de marcar alternativas, o que o aluno fará
é julgar as propostas apresentadas pelas alternativas. Cuidado, muitas vezes as
alternativas não colocam claramente nenhuma proposta. As propostas podem ser
simplesmente a consequência lógico-racional do texto da alternativa. Seja ético
para responder às questões do Enem, assim como na sua atuação em
comunidade/sociedade.